Jó 20; Jó 21

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Jó 20

1 Então respondeu Zofar, o naamatita:
2 Ora, os meus pensamentos me fazem responder, e por isso eu me apresso.
3 Estou ouvindo a tua repreensão, que me envergonha, mas o espírito do meu entendimento responde por mim.
4 Não sabes tu que desde a antigüidade, desde que o homem foi posto sobre a terra,
5 o triunfo dos iníquos é breve, e a alegria dos ímpios é apenas dum momento?
6 Ainda que a sua exaltação suba até o ceu, e a sua cabeça chegue até as nuvens,
7 contudo, como o seu próprio esterco, perecerá para sempre; e os que o viam perguntarão: Onde está?
8 Dissipar-se-á como um sonho, e não será achado; será afugentado qual uma visão da noite.
9 Os olhos que o viam não o verão mais, nem o seu lugar o contemplará mais.
10 Os seus filhos procurarão o favor dos pobres, e as suas mãos restituirão os seus lucros ilícitos.
11 Os seus ossos estão cheios do vigor da sua juventude, mas este se deitará com ele no pó.
12 Ainda que o mal lhe seja doce na boca, ainda que ele o esconda debaixo da sua língua,
13 ainda que não o queira largar, antes o retenha na sua boca,
14 contudo a sua comida se transforma nas suas entranhas; dentro dele se torna em fel de áspides.
15 Engoliu riquezas, mas vomitá-las-á; do ventre dele Deus as lançará.
16 Veneno de áspides sorverá, língua de víbora o matará.
17 Não verá as correntes, os rios e os ribeiros de mel e de manteiga.
18 O que adquiriu pelo trabalho, isso restituirá, e não o engolirá; não se regozijará conforme a fazenda que ajuntou.
19 Pois que oprimiu e desamparou os pobres, e roubou a casa que não edificou.
20 Porquanto não houve limite � sua cobiça, nada salvará daquilo em que se deleita.
21 Nada escapou � sua voracidade; pelo que a sua prosperidade não perdurará.
22 Na plenitude da sua abastança, estará angustiado; toda a força da miséria virá sobre ele.
23 Mesmo estando ele a encher o seu estômago, Deus mandará sobre ele o ardor da sua ira, que fará chover sobre ele quando for comer.
24 Ainda que fuja das armas de ferro, o arco de bronze o atravessará.
25 Ele arranca do seu corpo a flecha, que sai resplandecente do seu fel; terrores vêm sobre ele.
26 Todas as trevas são reservadas paro os seus tesouros; um fogo não assoprado o consumirá, e devorará o que ficar na sua tenda.
27 Os céus revelarão a sua iniqüidade, e contra ele a terra se levantará.
28 As rendas de sua casa ir-se-ão; no dia da ira de Deus todas se derramarão.
29 Esta, da parte de Deus, é a porção do ímpio; esta é a herança que Deus lhe reserva.
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Jó 21

1 Então Jó respondeu:
2 Ouvi atentamente as minhas palavras; seja isto a vossa consolação.
3 Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.
4 É porventura do homem que eu me queixo? Mas, ainda que assim fosse, não teria motivo de me impacientar?
5 Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.
6 Quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne estremece de horror.
7 Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?
8 Os seus filhos se estabelecem � vista deles, e os seus descendentes perante os seus olhos.
9 As suas casas estão em paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.
10 O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.
11 Eles fazem sair os seus pequeninos, como a um rebanho, e suas crianças andam saltando.
12 Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e regozijam-se ao som da flauta.
13 Na prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Seol.
14 Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.
15 Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará, se lhe fizermos orações?
16 Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!
17 Quantas vezes sucede que se apague a lâmpada dos ímpios? que lhes sobrevenha a sua destruição? que Deus na sua ira lhes reparta dores?
18 que eles sejam como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata?
19 Deus, dizeis vós, reserva a iniqüidade do pai para seus filhos, mas é a ele mesmo que Deus deveria punir, para que o conheça.
20 Vejam os seus próprios olhos a sua ruina, e beba ele do furor do Todo-Poderoso.
21 Pois, que lhe importa a sua casa depois de morto, quando lhe for cortado o número dos seus meses?
22 Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?
23 Um morre em plena prosperidade, inteiramente sossegado e tranqüilo;
24 com os seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.
25 Outro, ao contrário, morre em amargura de alma, não havendo provado do bem.
26 Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.
27 Eis que conheço os vossos pensamentos, e os maus intentos com que me fazeis injustiça.
28 Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?
29 Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,
30 de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?
31 Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez?
32 Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.
33 Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens, como ele o fez aos inumeráveis que o precederam.
34 Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?
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