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Jó 21; Jó 22; Jó 23
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Jó 21
1
Então Jó respondeu:
2
Ouvi atentamente as minhas palavras; seja isto a vossa consolação.
3
Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.
4
É porventura do homem que eu me queixo? Mas, ainda que assim fosse, não teria motivo de me impacientar?
5
Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.
6
Quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne estremece de horror.
7
Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?
8
Os seus filhos se estabelecem � vista deles, e os seus descendentes perante os seus olhos.
9
As suas casas estão em paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.
10
O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.
11
Eles fazem sair os seus pequeninos, como a um rebanho, e suas crianças andam saltando.
12
Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e regozijam-se ao som da flauta.
13
Na prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Seol.
14
Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.
15
Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará, se lhe fizermos orações?
16
Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!
17
Quantas vezes sucede que se apague a lâmpada dos ímpios? que lhes sobrevenha a sua destruição? que Deus na sua ira lhes reparta dores?
18
que eles sejam como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata?
19
Deus, dizeis vós, reserva a iniqüidade do pai para seus filhos, mas é a ele mesmo que Deus deveria punir, para que o conheça.
20
Vejam os seus próprios olhos a sua ruina, e beba ele do furor do Todo-Poderoso.
21
Pois, que lhe importa a sua casa depois de morto, quando lhe for cortado o número dos seus meses?
22
Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?
23
Um morre em plena prosperidade, inteiramente sossegado e tranqüilo;
24
com os seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.
25
Outro, ao contrário, morre em amargura de alma, não havendo provado do bem.
26
Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.
27
Eis que conheço os vossos pensamentos, e os maus intentos com que me fazeis injustiça.
28
Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?
29
Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,
30
de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?
31
Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez?
32
Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.
33
Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens, como ele o fez aos inumeráveis que o precederam.
34
Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?
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Jó 22
1
Então respondeu Elifaz, o temanita:
2
Pode o homem ser de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo é que o prudenté será proveitoso.
3
Tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro em que tu faças perfeitos os teus caminhos?
4
É por causa da tua reverência que te repreende, ou que entra contigo em juízo?
5
Não é grande a tua malícia, e sem termo as tuas iniqüidades?
6
Pois sem causa tomaste penhôres a teus irmaos e aos nus despojaste dos vestidos.
7
Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão.
8
Mas ao poderoso pertencia a terra, e o homem acatado habitava nela.
9
Despediste vazias as viúvas, e os braços dos órfãos foram quebrados.
10
Por isso é que estás cercado de laços, e te perturba um pavor repentino,
11
ou trevas de modo que nada podes ver, e a inundação de águas te cobre.
12
Não está Deus na altura do céu? Olha para as mais altas estrelas, quão elevadas estão!
13
E dizes: Que sabe Deus? Pode ele julgar através da escuridão?
14
Grossas nuvens o encobrem, de modo que não pode ver; e ele passeia em volta da abóbada do céu.
15
Queres seguir a vereda antiga, que pisaram os homens iníquos?
16
Os quais foram arrebatados antes do seu tempo; e o seu fundamento se derramou qual um rio.
17
Diziam a Deus: retira-te de nós; e ainda: Que é que o Todo-Poderoso nos pode fazer?
18
Contudo ele encheu de bens as suas casas. Mas longe de mim estejam os conselhos dos ímpios!
19
Os justos o vêem, e se alegram: e os inocentes escarnecem deles,
20
dizendo: Na verdade são exterminados os nossos adversários, e o fogo consumiu o que deixaram.
21
Apega-te, pois, a Deus, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.
22
Aceita, peço-te, a lei da sua boca, e põe as suas palavras no teu coração.
23
Se te voltares para o Todo-Poderoso, serás edificado; se lançares a iniqüidade longe da tua tenda,
24
e deitares o teu tesouro no pó, e o ouro de Ofir entre as pedras dos ribeiros,
25
então o Todo-Poderoso será o teu tesouro, e a tua prata preciosa.
26
Pois então te deleitarás no Todo-Poderoso, e levantarás o teu rosto para Deus.
27
Tu orarás a ele, e ele te ouvirá; e pagarás os teus votos.
28
Também determinarás algum negócio, e ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos.
29
Quando te abaterem, dirás: haja exaltação! E Deus salvará ao humilde.
30
E livrará até o que não é inocente, que será libertado pela pureza de tuas mãos.
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Jó 23
1
Então Jó respondeu:
2
Ainda hoje a minha queixa está em amargura; o peso da mão dele é maior do que o meu gemido.
3
Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo, e pudesse chegar ao seu tribunal!
4
Exporia ante ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos
5
Saberia as palavras com que ele me respondesse, e entenderia o que me dissesse.
6
Acaso contenderia ele comigo segundo a grandeza do seu poder? Não; antes ele me daria ouvidos.
7
Ali o reto pleitearia com ele, e eu seria absolvido para sempre por meu Juiz.
8
Eis que vou adiante, mas não está ali; volto para trás, e não o percebo;
9
procuro-o � esquerda, onde ele opera, mas não o vejo; viro-me para a direita, e não o diviso.
10
Mas ele sabe o caminho por que eu ando; provando-me ele, sairei como o ouro.
11
Os meus pés se mantiveram nas suas pisadas; guardei o seu caminho, e não me desviei dele.
12
Nunca me apartei do preceito dos seus lábios, e escondi no meu peito as palavras da sua boca.
13
Mas ele está resolvido; quem então pode desviá-lo? E o que ele quiser, isso fará.
14
Pois cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas como estas ainda tem consigo
15
Por isso me perturbo diante dele; e quando considero, tenho medo dele.
16
Deus macerou o meu coração; o Todo-Poderoso me perturbou.
17
Pois não estou desfalecido por causa das trevas, nem porque a escuridão cobre o meu rosto.
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